domingo, 14 de setembro de 2014

Lágrimas que não comovem

É impressionante como a candidata Marina Silva consegue impregnar de chatice o ambiente político-eleitoral. A última agora é posar de coitadinha, de vítima dos "ataques infames do PT". Ora, faça-me o favor, quem protagonizou o lance mais baixo da disputa até aqui foi justamente a candidata caroneira do PSB, que, a despeito de ter militado no PT por longos 27 anos, onde se elegeu deputada estadual, senadora e foi ministra por cinco anos, acusou o partido de ter colocado um "diretor para roubar a Petrobras". A ex-senadora está sendo inclusive processada por isso. Seu chororô diante dos questionamentos políticos só reforça um sentimento que vai se alastrando pelo eleitorado:  falta a Marina um mínimo de estofo político e de firmeza de convicções para exercer o cargo mais importante da República.

O que esperava Marina ? Que a campanha da presidenta Dilma se calasse ante suas críticas cada mais contundentes ao governo e ao PT ? Que o PT assistisse passivamente à apresentação dos pontos do programa de governo da candidata do PSB de cunho nitidamente neoliberal , como a autonomia do Banco Central e o apoio às terceirizações ?

Como não reagir à pregação de uma candidata que quer "tirar o foco do petróleo" e que recua na primeira chantagem de um midiático pastor evangélico obscurantista ? Por acaso não merece se tornar de amplo domínio público que uma candidata tem uma banqueira como coordenadora do seu programa de governo e que essa herdeira do Banco Itaú sustenta a fundação Marina Silva?

Que tipo de ataque pessoal há nisso ? Claro que nenhum. Fora do foco oportunista, eleitoreiro e visceralmente antipetista do maior partido de oposição do Brasil, o monopólio que controla a mídia, o que se vê é um embate político legítimo, absolutamente natural numa disputa política acirrada como a atual.

O ponto culminante da escalada de autovitimização de Marina foi seu pseudo-choro ao lembrar das calúnias sofridas por Lula em suas campanhas e a dor causada pelas críticas do ex-presidente. Aqui Marina deu um tirambaço no pé.

Primeiro que querer se comparar ao maior líder popular brasileiro é coisa  que só uma maratona de sessões de psicanálise pode ajudar a explicar. Depois, chamar Lula para a briga se revelou um péssimo negócio em questão de algumas horas.

- A dona Marina não deve inventar inverdades a meu respeito para chorar. Chore por outras coisas que ela quiser chorar. Um verdadeiro líder não fica mudando de partido e de ideia toda hora -  fulminou Lula, lembrando que na hora que teve que escolher alguém para sucedê-lo optou pela pessoa mais preparada.Vale lembrar que, na raiz do todo ressentimento de Marina em relação ao PT, está sua frustração por não ter sido escolhida candidata à sucessão de Lula.

Se não tivesse se convertido em alternativa eleitoral da elite brasileira, disparada a mais retrógada do planeta, Marina se envergonharia da capa de Veja desta semana, uma peça de campanha calhorda para tentar colocá-la como alvo de uma insidiosa campanha de mentiras e calúnias organizada pelo PT.

Noves fora o fato de a Veja que está nas bancas marcar a adesão definitiva da revista à Marina, com o consequente abandono de Aécio Neves, no vale-tudo contra o PT, seu efeito sobre as eleições será nulo, ou até reverso como a hipotética bala de prata da delação premiada de semana passada, depois da qual Dilma só cresceu.

De quantos anos e mais quantas eleições e derrotas o PIG ainda precisa para entender sua irrelevância nas  eleições presidenciais no Brasil ?


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