sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Enquanto a lei dos meios não vem...

Muito bem-vinda a entrevista da presidenta Dilma, concedida nesta quinta-feira (6) a quatro jornais, no  Palácio do Planalto, na qual ela reafirma seu compromisso com a regulação econômica da mídia e repudia os argumentos mentirosos dos que insistem em defender o monopólio brandindo o fantasma da censura. Depois de assegurar que a regulação nada tem a ver com conteúdo, mas sim com liberdade de expressão para todos e  fim do monopólio, a presidenta emendou : "Qualquer outro setor, como energia, transportes, petróleo... tem regulações e a  mídia não pode ter ?". Perfeito, mas, como temos um longo caminho pela frente até que um novo marco regulatório da radiodifusão vire lei no Brasil, já passou da hora de o governo fazer uma revolução na sua política de comunicação.

Deixar de anunciar na Veja depois da capa criminosa  a 72 horas das eleições foi um bom começo. Mas não pode parar por aí. É necessário acabar com  o "Bolsa PIG", que destina uma montanha de verba publicitária do governo para um grupo seleto de jornais, revistas e emissoras TV golpistas e decadentes, com cada vez menos leitores e espectadores.

E como diz o Paulo Henrique Amorim é preciso falar, falar, desmentir as versões do PIG, convocar cadeias de rádio e TV, enfim, ter uma política organizada, ágil e contundente para enfrentar a mídia velhaca, que, passadas as eleições, não deu um segundo de trégua ao governo. É porrada dia e noite, distorcendo, mentindo, dando destaque a pesquisas marotas e insistindo nas já surradas previsões catastróficas para a economia brasileira.

Essa semana vimos que a comunicação do governo com a sociedade nada mudou. Continua improvisada, descoordenada e mambembe. A Folha de São Paulo, por exemplo, estampou manchete falando pela enésima vez em racionamento de energia. Aliás, é impressionante como a imprensa torce para que isso ocorra. Há pelo menos cinco anos anuncia um apagão atrás do outro.

Talvez essa verdadeira obsessão esteja ligada ao desejo de ver o jogo do desabastecimento de energia empatado com os governos tucanos, os quais por omissão, incompetência e falta de planejamento levaram o país ao racionamento e ao apagão em 2001. Voltando à matéria da Folha, como sempre o governo reagiu de forma tímida e aquém da gravidade da notícia.

Imagina o que passa pela cabeça do brasileiro, às vésperas de um verão que se anuncia tórrido, quando depara com uma notícia alarmante como essa ? Vai maldizer o governo, é claro, além de incorporar uma preocupação a mais ao seu cotidiano. Em vez de chamar uma entrevista  coletiva com o primeiro escalão da área de energia, na qual técnicos de ponta desmentiriam cabalmente através de gráficos, tabelas, dados e projeções o tal risco de racionamento, o governo escala um integrante de terceiro escalão para negar o apagão por meio de uma fala lacônica e genérica.

O governo está lascado se considerar que é possível esperar uma nova lei dos meios de comunicação para reagir ao cerco conservador. Comunicação se faz todo dia, toda hora, em em qualquer lugar, desde que se transforme em política prioritária de governo, o que, infelizmente, ainda parece distante do governo Dilma. Essa comunicação pra lá de precária com a sociedade explica em boa medida a pedreira que foi vencer as eleições.

Se não fosse o horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, a abnegação dos ativistas que guerrearam dia e noite nas redes sociais e a militância nas ruas, hoje Aécio estaria montando o seu ministério. Permanece sem resposta uma pergunta angustiante : por que diabos o governo não se mira no exemplo dos blogueiros, facebookeiros e twitteiros, que diariamente fazem o contraponto ao bombardeio midiático ? Vamos aguardar o novo governo da presidenta Dilma para ver se as coisas melhoram. Mas haja paciência. Ou melhor, haja saco !


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